RANO RARAKU
A Grécia nunca existiu
Não passarão
O meu cavalo acha a ração na cratera
Homens-pássaros remadores arqueados
Voaram-me em volta da cabeça porque
Também sou eu
Quem lá está
Atolado a três quartos
A troçar dos etnólogos
Na amena noite do Sul
Não passarão
A planura não tem fim
Quem se destaca é risível
As altas imagens caíram
André Breton nasceu em Tinchebray em 1896. Iniciou estudos em Medicina, sem entusiasmo, apenas para contentar a família. Mobilizado para o exército, em 1916, conheceu aí Jacques Vaché, o qual viria a exercer forte influência na sua personalidade. Em 1919, fundou com Aragon e Philippe Soupault a revista Littérature. Em 1920 aderiu ao grupo Dada, mas logo se incompatibilizou com Tristan Tzara, vislumbrando no automatismo um meio de renovar toda a arte. Tornou-se assim no principal fundador e teórico do movimento surrealista francês. Em 1924, no Manifeste du Surréalisme, expôs alguns dos princípios estéticos essenciais desse movimento: escrita automática, liberdade formal, exploração literária do inconsciente. Além dos escritos teóricos, escreveu obras de poesia, ficção, etc. Animado por uma ardente vontade de acção, a sua rebeldia levou-o a aderir ao Partido Comunista em 1927. Publicou as revistas La Révolution Surrealiste e Le Surréalisme au Service de la Révolution. Em 1933, Breton foi excluido do Partido Comunista. Com Leon Trotsky, acabaria por fundar, em 1938, a Federação de Arte Revolucionária Independente. Quando os nazis ocuparam a França, Breton refugiou-se nos EUA com Duchamp e Max Ernst. Terminada a guerra, regressou a França. Morreu no dia 28 de Setembro de 1966.