O que sempre pensei, mas nunca disse…
in Vida Involuntária.
William Newman
Malva 62 (Quasi Edições, 2005), o último livro de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, é um livro sui generis no conjunto dos livros publicados por este autor até à data. Realmente, é a primeira vez que a escolha dos poemas a publicar se deve à intervenção de uma pessoa da confiança (Luís Miguel Queirós) do autor, a quem este entregou um acervo lato de escritos novos e antigos com vista à selecção de textos que não excedessem os seis versos. Trata-se, portanto, de uma decisão deliberada e assumida de montagem de um livro a partir de textos ou fragmentos de textos publicados em anteriores livros, acrescidos de textos inéditos entretanto produzidos. O resultado final não é uma antologia de poemas do autor, é um novo livro. Excelente o trabalho de “encenação”, a organização das peças deste puzzle que a sintonia entre Luís Miguel Queirós e Daniel Maia-Pinto Rodrigues possibilitou.
semente expulsa da corola
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As mulheres vão chegar
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MJLF, XIS, 1995, acrílico s/esculturas em cimento
MJLF, páginas de Vale de Corvos 1992, técnica mista s/papel, 10x26cm.Maria João
MJLF, s/título, 1999, 80x200x180cm
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Na exposição do CCB dedicada à vida e obra de Frida Kahlo, havia pessoas penteando-se enquanto se olhavam reflectidas nos vidros que protegiam alguns dos trabalhos expostos. Deu também para ver um turista tirar macacos do nariz. Enfim...5
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MJLF, páginas de Vale de corvos 1992, técnica mista s/ papel, 10x26cm
Grande noite de poesia no bar portuense Púcaros, ontem (tarde à noite). Foi o lançamento do livro do António Pedro Ribeiro (Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro, Objecto Cardíaco). Ambiente variado em idades e estilos, prefiro assim. António Pedro Ribeiro confirmou que ama o primeiro-ministro, e o segundo, e o terceiro, e todos os presidentes de câmara e de junta. Confessou ainda que o deseja ver num bacanal, “com todos os ministros e todos os ministérios a arfar de prazer”. O primeiro-ministro ainda chegou a tempo de ouvir alguns poemas ditos pelo autor perante o entusiasmo do insaciável público delirante. O André Guerra pega na guitarra para um momento musical sob a batuta do mestre Ian Curtis, o autor-vocalista agora derramando sangria-poema de “She´s lost control” (Joy Division). João Rios e Isaque Ferreira também luciferam vociferam, entre outros satãs da noite portuguesa. O Primeiro-Ministro, demonstrando a sua enorme sensibilidade e classe poéticas, começa a despir-se e enraba o défice. “As gajas apalpam os telemóveis”. A poesia é um broche. “A gaja olha/A gaja sorri/A gaja dança/A gaja parte/E fica no poema”.
MJLF, Ponte, 2000, aguarela s/papel, 21x30cm
MJLF, Páginas de Vale de Corvos 1992, técnica mista s/papel, 10x26cm
MJLF, As cidades invisíveis, 1997, esculturas em terracota, dimensões variáveis.Maria João
Olhos que mais vezes